quinta-feira, 6 de junho de 2013

Dias de Chuva Combinam com Poesia...

Pode parecer estranho, mas dias chuvosos sempre me deixam mais tranquila... mais sensível... e porque não... mais romântica... ^_^ ...
A animação que acabei de assistir me comprovou o que eu já sabia...
Os jardins ficam mais belos... os corações mais sensíveis... e tudo vira poesia...
Uma história que nos mostra o quanto ainda somos equivocadamente escravos das exterioridades, escondendo, ou pior ainda, sufocando toda a beleza e delícia de se viver um amor de verdade...
Sim... sim... em dias de total hipocrisia, onde impera a ditadura da opinião e da banalidade, meu coração eternamente apaixonado esbarrou com essa preciosidade cujo título faz referência a jardins, palavras, poesia e romance...

Esta surpreendente produção, lançada este ano[2013], conta com uma excelente direção, nas mãos de Shinkai Makoto, uma fotografia de encher os olhos, designer e arte gráficas dessas de fazer você querer habitar dentro da película para o resto da vida.
O perfil psicológico das personagens está muito bem desenvolvido, e a narrativa tranquila remete mesmo a dias chuvosos, sem ser lenta e arrastada, sem muitos mistérios e rodeios... o tempo acaba passando rápido demais... e quando você pensa que já sabe o que vai acontecer... ^_^... surpreenda-se... 
Amei de verdade essa história que aborda o cotidiano de um jovem estudante do colegial, aspirante ao que eles chamam na história de "sapateiro" , e eu diria designer de calçados... >.< ...quem cria sapatos não é um mero "sapateiro", profissão, aliás, muito útil, porém, em extinção nas grandes cidades... [ e talvez pequenas também... >.<]
Então... o jovem Akizuki  Takao, vive para realizar seu sonho de tornar-se "sapateiro". É um jovem dedicado ao seu objetivo, e sua negligência com os estudos encontra justificativa no fato de que ele cabula as aulas, não para ficar despreocupadamente vendo tv, jogando, dormindo... ou mesmo desocupado olhando para o nada... ele investe esse tempo em seu projeto de vida...
Os dias chuvosos parecem os mais propícios para que Takao pratique sua arte, e sua rotina de ir a escola é trocada por uma visita a um parque [ou jardim, ou praça...] onde ele se isola do mundo com o objetivo de desenhar... de criar... aprimorar-se em sua arte...
[ Lindo isso...]
E é nesse clima de encontrar-se com sua criação que nosso protagonista se encontra com uma mulher mais velha, que vem a despertar a sua atenção...
Yukino Yukari é uma mulher silenciosa, com hábitos peculiares, porém de gestos refinados, sua maneira de falar é suave  e pausada... seu nível cultural é perceptível...
E nesse clima quase silencioso, em que cada um dedica seu tempo a um objetivo próprio, a proximidade entre os protagonistas vai se desenvolvendo com o passar dos dias chuvosos... 
Shinkai Makoto é um diretor experiente na arte de explorar o psicológico, desenvolvendo com maestria a personalidade de cada personagem, salientando adequadamente gestos, olhares, postura corporal, falas e silêncios... 
Eu poderia mesmo dizer que ele é mestre em narrar amores contidos... quase impossíveis... criando sempre um tom de expectativa relativamente ao futuro dos protagonistas... deixando espaço para as alternativas da nossa própria criatividade.
Não só a história das personagens prende a nossa atenção, como também a riqueza dos detalhes na arte gráfica... de encher os olhos mesmo... de fazer sonhar com um mundo mais colorido, dentro da perspectiva do contexto, é claro... [pois pra muita gente, dias chuvosos são apenas dias chuvosos, com muitos tons de cinza... ]
A trilha sonora incidental é que passaria despercebida, não fosse a intensidade das cenas em que foi inserida, e a trilha de encerramento, não fosse pela letra e não teria me chamado a atenção... então veja o vídeo até o último segundo e preste atenção na letra da música... vai ser como rever todo o "filme" em apenas alguns minutos... mas de uma forma deliciosa... ^_^ ... garanto que vale a pena.
[Obs. -  refiro-me a "filme" exatamente porque não sei em que categoria poderia ser classificado, já que é um curta...]
Quanto aos demais personagens são verdadeiramente coadjuvantes, e para a minha felicidade, a presença deles não foi inútil ou exaustiva... estavam em cena na hora em que eram necessários e pronto... 
Essa é uma história gratificante em vários níveis... e o desfecho é um tanto inesperado, para a perspectiva incomum de um jovem de 15 anos que se aproxima de uma mulher de 27... 
Ah... por favor... sem falso moralismo... dizer que hoje em dia um jovem de 15 anos ainda é criança, é brincadeira de criança... >.< ... ademais, a cultura no Japão é bem diferente da nossa... e jovens com 15 anos não são mais considerados crianças... [porque na verdade, não são mesmo... ]
Aqui não se trata apenas da distância pela idade... cada um desses personagens está distante, não exatamente um do outro, mas sim, do mundo em que vivem... das pessoas que os cercam, da realidade em que estão inseridos contra sua própria vontade...
Esse é um filme que, além de ser assistido, precisa ser sentido... percebido... quase vivido, na medida em que se vai acompanhando a narrativa...
Enfim, uma história sobre as sutilezas do amor, da vida, do coração humano... uma historia para ser sentida nos dias chuvosos e guardada no coração em todos os outros dias também...
Boa diversão...

Obs. n° 02 -  desta vez não temos nenhuma referência de página da web para esse artigo.

Até a próxima...


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