quarta-feira, 17 de julho de 2013

Crianças amam peixinhos dourados...

E talvez,  peixinhos dourados amem crianças... 

A história desse longa lembra em muito a história da “Pequena Sereia”, guardadas as devidas proporções... muita gente vai dizer que é mero plágio... outros dirão que é mera repetição...  outros ainda ficarão um tanto confusos...

No meu entender a história guarda semelhanças sim...  e só podia, pois o autor inspirou-se nessa obra de H.C. Andersen e também em uma lenda japonesa... ambas as histórias dividem a mesma essência, ainda que com outras tantas reservas...
O mais importante é que é dessas histórias que fazem a gente acreditar que ainda vale a pena sonhar, ter esperança, lutar por um ideal... todas essas coisas tão de “gente grande” em ações simples de uma criança... e de um peixinho que queria ser criança... queria ser humana... [como se ela já não fosse muito melhor que isso... ^_^ ]


Uma história singela que acaba por despertar tantas reflexões sobre a sinceridade... sobre as idéias que estão sempre nos impondo como certas,  sobre o que é importante para a nossa vida... sobre o que acreditamos ser o melhor... sobre a tristeza da perda... sobre a verdade dos sentimentos... sobre o amor...

A arte gráfica lembra exatamente o exercício artístico de crianças em tenra idade... essa fase de até cinco ou seis anos, onde aprender e sonhar são as principais atividades da vida... sorrir, brincar... olhar pro céu e ver castelos nas nuvens...

Sösuke é um garotinho de cinco anos que vive em uma casa no alto de um penhasco,  com  Risa... logo de cara temos a sensação que Risa é sua irmã mais velha... ou uma prima que ficou encarregada de sua educação e cuidados... mas ela é sua mãe... sua jovem mãe...

Ahhh sim... tem o pai também,  que passa muito tempo em uma embarcação em alto mar...  o que muitas vezes deixa Risa triste... aborrecida... e muito revoltada... >.< ...
 
Sösuke costuma ir a escola todos os dias com sua mãe... ela trabalha cuidando de idosos em um abrigo. A cidade onde eles moram é litorânea,  pequena e todos se conhecem... esse contexto cria uma sensação de aconchego, familiaridade e amizade... e logo desperta o desejo de viajar para dentro de película e viver entre as personagens...

Ele também aproveita as horas vagas pra brincar com seu barquinho na enseada, em meio aos rochedos e corais da praia...  e  é no passar tranquilo dos dias, que Sösuke se encontra pela primeira vez com um “peixinho” dourado, sentindo-se inexplicavelmente atraído  e ao mesmo tempo deslumbrado pelo “encanto” que o “peixinho” exerceu sobre ele...

Sösuke promete cuidar do “peixinho” e lhe dá o nome de Ponyo... e Ponyo é simplesmente Ponyo... e ela... sim... é ela... >.< também se afeiçoa ao seu mais recente, e único amigo humano... o que desperta nela o impulso irresistível de tornar-se uma criança humana e poder ficar o resto de seus dias ao lado de seu querido Sösuke...

Vejam bem que esse laço que os une é de puro amor infantil... mas é algo que os impulsiona a superar as dificuldades e diferenças... o que nos leva a refletir sobre aceitação... e o que eles nos mostram é que a coragem e determinação de uma criança, com seu coração puro, supera infinitamente muito marmanjo por aí... >.<

“Massssss”... e  sempre tem um mas... o papai da Ponyo não aceita essa vontade da filha em se tornar humana e vai criar alguns embaraços para a nossa jovem heroína, usando truques, magia e até força, para tentar impedi-la... apelando inclusive para o poder mágico da mãe da Ponyo, que é muito mais forte do que o dele...

Em princípio ele mais se parece com um cientista maluco >.<, e quase é... mais por conta de uma certa amargura que notamos em seu discurso, do que por pequenas e circunstanciais  maldades  em si...  é dessas pessoas que já foram pessoas um dia [exatamente isso... >.< ], e cristalizaram ideias de que a única solução que existe para se criar um mundo melhor, é destruir todo o mundo antigo...

Ideias radicais colocam a vida como um todo em risco...

Foi interessante quando percebi o nome de “batismo” da Ponyo:  Brünhild... claro, pra quem não sabe é personagem da mitologia nórdica e está relacionada também ao desejo da personagem de se tornar humana... ^_^

Depois de muito pensar no contexto da história apresentada pelas competentes mãos do diretor Hayao Miyazaki [ou seria Miyazaki Hayao?], concluí que esse aspecto “tornar-se” um humano é empírico... entendo que a história é uma metáfora ao que somos, o que desejamos ser... o que queremos alcançar, mas não temos certeza se vamos conseguir... simplesmente a ideia, o argumento, a maneira como foi apresentada, é genial... e ao fundo a ilustração de uma “aquarela” infantil...

Para a minha extrema e total felicidade [heimmmmm???? o0 ] aqui não temos nenhum grande vilão... não se pode dizer que o pai da Ponyo é um vilão... ele apenas tem uma percepção um tanto rígida e amarga sobre o mundo e o futuro da sua filha como humana...  ^_^ 

Mas parece que a ausência de vilões é a grande marca registrada do nosso diretor, que sabe como ninguém, contar histórias de uma forma magistral e cativante...

É preciso assistir o filme, se embriagar com a docilidade das personagens, naufragar no oceano da fantasia para descobrir o êxtase de felicidade que se esconde nos últimos minutos da história...


No final eu estava totalmente apaixonada... [e querendo me metamorfosear em um peixinho dourado... >.< ]


Até a próxima...


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